março 07, 2009

Parque Natural Douro Internacional 2009

O fim de semana soalheiro de Carnaval foi dedicada à exploração duma das zonas mais belas (na minha opinião) e intactas do n/ país – o Parque Natural do Douro Internacional (P.N.D.I.). Situada bem no extremo este da região de trás-os-montes, o “Parque Natural Arribes del Duero”, como dizem “nuestros hermanos” cobre uma área superior a 1000 kms² de territórios português e espanhol. Delimitado, a norte, por Miranda do Douro, extende-se até sul de Barca de Alva; por outras palavras, acompanha todo o trajecto do rio Douro, durante cerca de 100 kms, enquanto fronteira entre os dois países…
Pelo caminho, 2 breves paragens……
Mirandela, atravessada pelo rio Tua, afluente do Douro…

Torre de Moncorvo, onde se destaca a igreja matriz…

Seguimos em direcção ao n/ primeiro destino: O miradouro do Penedo Durão. Muito próximo de freixo de Espada à Cinta, o caminho para o miradouro está bem sinalizado, não fosse este miradouro um dos mais procurados…já lá no alto do Penedo Durão, a vista sobre o rio pode ser adjectivada de “soberba”…..
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Ao fundo, a barragem espanhola de Saucelle…

Um pouco mais à frente, o rio Huebra a desaguar no Douro… .

. Mais vistas… .
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E como já se fazia um pouco tarde (nestes dias, ainda escurece cedo), seguimos para Norte, para o segundo miradouro do dia…O miradouro do Carrascalinho. Pouco quilómetros distam um do outro (cerca de 30 kms)…pelo que a viagem foi curta. Antes de chegar à localidade de Lagoaça, existe uma estradinha….sim é mesmo uma estradinha em alcatrão, que depois vira terra planada até ao dito miradouro...
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Adjectivos !?!...esmagador!…deslumbrante!...dá vontade de ficar alí e apreciar um rio selvagem, inóspito por algum tempo….as únicas companhias são o silêncio e a brisa da altitude. O Carrascalinho é, para quem gosta do contacto com a natureza no seu estado puro, definitivamente, um local a visitar…
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Quando mencionava o silêncio como única companhia, poderia estar a mentir; é muito provável ver, nestas paragens, águias ou abutres a sobrevoar….não foi o caso nesse dia….
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Aqui, um corajoso a desafiar a mãe natureza….
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Por fim, um pôr do sol…ás 17h45m….
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Quanto à estadia, a aposta foi para o turismo rural….seguindo mais para norte, sempre dentro do n/ P.N.D.I, atravessamos a fronteira pela barragem da Bemposta (barragem portuguesa explorada pela EDP), e paramos em Fermoselle, uma pequena vila espanhola, mais propriamente, na Posada Doña Urraca (passe a publicidade). Como verificarão pelas fotos exteriores e interiores, uma bela pousada recuperada e muito aconchegadora…hospitalidade quanta basta e muitos portugueses! Não estivéssemos a apenas 8 Kms da fronteira!
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Para quem não sabe, Dona Urraca foi filha legítima de Afonso VI, rei de Castela e Leão; este, por sua vez, teve uma filha bastarda, Dona Teresa…nada mais, nada menos… que a mãe do nosso Dom Afonso Henriques. Este, após muitas conquistas e batalhas ganhas, viria a assinar, no ano de 1143, o acordo de paz com Afonso VII, seu primo….filho de Dona Urraca!
Após o jantar, uma oferta da casa…um licor de café com uns bolinhos…uma espécie de sonhos com aniz.
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Na manhã seguinte, uma visita à localidade que nos acolheu, uma vila pacata de tons acastanhados e granitos à mistura….
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Fermoselle é considerada a capital das “Arribes del Duero”, a sua existência está virada para o rio, de tal forma que foi criado, num antigo convento, o Centro de Interpretação ambiental das arribas do Douro; um espaço, totalmente, dedicado ao rio, ás suas escarpas, fauna e flora. È curioso a forte ligação entre os habitantes e o rio; inclusive, a funcionária que nos tinha atendido no posto de Turismo, ao saber que éramos do Porto, entusiasmou-se, confessando que, só há pouco tempo, tinha ido ao Porto, ver a foz do “seu” rio Douro…algo que pretendia realizar há muitos anos…
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De Fermoselle, consegue-se ver o rio…
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Quanto ao centro, vale muito a pena uma visita, trata-se de uma boa forma de conhecer esta zona mais despovoada do rio. A visita é acompanhada por uma guia, assiste-se à exibição dum vídeo sobre a reserva natural do rio, maquetes, fotos, conhecimentos de miradouros naturais (e existem muitos), barragens, etc…
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A nossa guia, vestida a preceito...
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De seguida, decidimos explorar um pouco esta província de Zamora e fomos até à Barragem de Almendra. O rio Thormes, que desagua também, no rio Douro (logo a seguir à barragem da Bemposta) faz o limite entre as províncias de Zamora e Salamanca; segundo os locais, criou a 2ª maior albufeira da Europa, pelo que vi, é provável…
Dum lado, tudo mais seco...
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Do outro lado, tudo bem mais molhado…e uma albufeira de perder a vista…
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Retomamos caminho, sempre por Espanha, atravessando campos, aldeias e riachos….
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Até chegarmos a Miranda do Douro, ou, se lerem a placa,…Miranda de 1 Douro…estará explicado o nome ?
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Depois de mais uma bela refeição (2ª posta à mirandesa num só fim de semana!), visitámos o centro histórico da cidade, a Sé Catedral, o Paço Episcopal, e claro, a vista para o rio.
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Para acabar em beleza, efectuamos o cruzeiro ambiental que sai de Miranda até ao vale da águia, um percurso de cerca de 1 hora que permite aferir da altura das escarpas do rio que, nesta zona, chegam a atingir os 280 metros de altura!…pena as fotos não conseguirem realçar esse facto…A guia-bióloga que nos acompanha discursa, em português e espanhol, sobre a geologia, fauna e flora locais.
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No final da viagem, uma prova de vinho do Porto e a exibição de um Bufo Real.
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Não podia deixar de mencionar a gastronomia da região, com destaque para a famosa posta mirandesa (naco de carne de vitela grelhada na brasa); destaca-se pela sua ternura, suculência e sabor.
“Nun yê Pertuês, nien Castelhano, nien sequiêra ua mescla de las dues lhénguas. Na Miranda siêmpre se falou assi, i agora torna-se a screbir I Mirandês, que subrebibiu al tiêmpo i a las mudanças de la bida moderna” . Até à próxima!